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Sobre passagens e transferências: uma exposição para sentir

Passagem foto

Quem se arrisca a atravessar o universo imagético, poético, simbólico e emocionante de Alexandre Sá?  Sim, é um risco. Um risco de se deparar consigo mesmo, se contemplar assim como Narciso o fez à beira do lago, e de fazer uma passagem literalmente através de um (in)visível espelho.

Alexandre traz pro seu trabalho referências pinçadas de importantes obras que vão de Ovídio (poeta romano) à Georges Bataille (filósofo  francês).

Em suas deambulações por lugares reais e inventados, o artista não desperdiça nada. Tudo é oportunidade, tudo é possível, tudo “linkado”. Alexandre vai sutilmente, delicadamente, convidando o expectador  (isso mesmo com X, cheio de expectativa) a pausar, a ficar à deriva, à espreita, e, de repente… o encantamento. O público, mesmo o menos experimentado nas artes visuais, não escapa dessa “embriaguez” e, sem se dar conta, estará capturado, emocionado na tempestade de memórias as quais somos encharcados.

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Só para citar um exemplo, e não correr o risco de fazer um spoiler, rs ( é sério, vá ver e depois me conte), a vídeo instalação “Transferência” te leva pra outras paragens e com um mínimo de disponibilidade. Fácil fácil nos deixarmos levar pra bem longe, tal a beleza das imagens. Na verdade, pra mim, se trata de uma “pintura digital”.

É uma exposição que mexe com as nossas raízes, memórias, afetos, dilemas existenciais, traumas e tantos  outras coisas, impossíveis de listarmos aqui.

E antes que você espectador (agora com S) pense, ah é mais uma exposição que fala de amor: não subestime a verve do artista. Ele fala sim de amor, mas não o amor dado levianamente, é amor e fé, fé e política, política e vida, poesia no mundo em constante mutação.

E o que fazer com tudo isso depois? Pense, desvele e aja.

É um convite a reflexão/ação, pois, como o próprio título da exposição sugere, é arte movimento, arte transformação, arte metamorfose. Você espectador/expectador (você escolhe) sairá de lá ‘quebrado”, só que com “fissuras poéticas” (termo do artista) pelo seu corpo. Você não será mais o mesmo, para o bem ou para o mal….

E aí se arrisca a sentir?

 

* Essa experiência de imersão vai até meados de fevereiro.

Exposição PASSAGENS E TRANSFERÊNCIAS – ALEXANDRE SÁ

Curadoria FERNANDA PEQUENO

De 17 de dez  de 2016 a 19 de fev de 2017

Visitação de terça a domingo de 12h às 19h

Paço Imperial

Praça XV de Novembro – Rio de Janeiro

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